sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Até Onde Vai A Carência

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17:20

   Quem me conhece sabe que não sou fã do programa Big Brother Brasil. Vi algumas edições durante a minha infância (acabo de lembrar do episódio memorável da conta de telefone, qualquer dia conto por aqui), mas acabei criando noção ao crescer mentalmente, porque permaneço a mesma anãzinha de sempre =/. Dentre as edições que assisti cito a primeira, a segunda, a terceira e a décima, esta última muito pouco. A décima primeira edição, pelo que ouvi falar, está gerando muita polêmica. A começar pela inclusão de uma transexual no reality show. Não consegui assistir uma vez sequer até o fim porque está cada vez mais artificial, sem contar os artifícios usados para conseguir ibope... mas enfim, não é sobre o programa em si que vim falar aqui, embora este tenha sido o estopim para escrever sobre o assunto a ser tratado logo mais abaixo.
   Ontem fui tentar assistir com minha mãe, já que ir para o quarto ler e deixá-la sozinha todo o santo dia pode ser bem chato. Vi algo que me deixou enfurecida, tantas as vezes que o vi acontecer, perto de mim ou não. A participante Maria, pela enésima vez (é o que me contam), tentou "forçar a barra" com o participante Maurício, que tanto se cansou de dizer não para a moça, implorou que ela o deixasse dormir em paz. Dizem que ela corre o tempo todo atrás do rapaz e ele a esnoba. Chegou a humilhá-la mais de uma vez. Logo depois desse último episódio de humilhação sem medidas, ela foi para cima de outro brother. Que situação que pega mal, gente. Não aceitar um "não", deixar de se respeitar.
   Sabem o nome disso? Carência. Tá, tu gostas de alguém, poderia me arriscar a dizer MUITO. Mas esse alguém não te corresponde, nem de longe, nem de perto. Pode até querer tua amizade, ter carinho por ti... e isso ele te deixa bem claro. Tu? Corres atrás dele, fazes de tudo para ficar com ele, te humilhas. E a pessoa se afasta de ti, lógico. Vai te tomar por doente, se duvidar. Isso te faz bem? Não adianta se iludir que "um dia...", mesmo que a pessoa seja daquelas indecisas, será que vale a pena? Acredito que não.
   Passei por uma história parecida com dois amigos meus. A menina vivia para ele, respirava o cara. Eu acredito que ele gostasse muito dela no início, já eram bem amigos antes de ficarem juntos. Porém, o relacionamento não deu certo, ele deixou de gostar dela nesse sentido. Foi honesto, disse que queria manter a amizade com ela. Só que a menina não entendeu. Mesmo durante o relacionamento, quando estava evidente que ele não estava mais afim, ela corria atrás, e corria... Era bem difícil, os amigos tentando aconselhá-la a desistir, que era o melhor caminho. Já vi acontecer o contrário, um amigo meu correr muito atrás da ex-namorada, chegou a fazer uma serenata para a moça na frente do namorado atual. Virou alvo de piadas, porque já era traído por ela com esse namorado antes de levar um "pé na bunda".
   Como havia dito anteriormente, isso tem nome: carência. E muita gente acaba jogando um bom tempo de suas vidas fora, com algo que nem de longe é o fim do mundo. Para começar, não acredito que exista amor não-correspondido. Cada um tem uma pessoa para si em algum lugar, agora se vai encontrá-la ou não, como saber? Pode-se gostar de pessoas, sentir atração por elas, mas amor de verdade vai para um único ser. Tem quem se iluda achando que é diferente.
   Os mais iludidos são os carentes, que PRECISAM ter alguém, não suportam ficar sozinhos. Na verdade, nunca aprenderam a conviver com a solidão. Esquecem que ter amigos é bom, que muitas vezes sua própria companhia pode ser excelente, só querem saber de andar "empencado" em alguém. Esses seres, logo em início de namoro já estão fazendo planos de casar, escolhem nomes dos filhos, netos, animais de estimação. Querem passar o tempo todo ao lado da pessoa, ocupando o mesmo espaço. Vê o outro como um deus absoluto, sem defeito algum. Para evitar brigas, sempre se dão por errados nas discussões, por mais certos que possam estar. Se o relacionamento vai mal, fingem não perceber. Tentam tanto acreditar que está tudo bem, na esperança de convencer o outro a permanecer ao seu lado, que acabam caindo na própria ilusão. Quando finalmente percebem a realidade, caem na depressão.  Agora digam-me: isso é vida? Plena, feliz?
   É maravilhoso ter a quem amar profundamente. Achar a "tampa da tua panela". Mas antes, temos que amar a nós mesmos, nos curtirmos. Antes de sair por aí procurando o "príncipe encantado", que tal aproveitarmos nossa própria companhia? Ter opinião própria, não se preocupar em usar uma roupa que chame a atenção de alguém a não ser  a tua. Não dar satisafação a ninguém do que faz, com a exceção dos pais. Ter espaço para ler teus livros, revistas. Fazer as coisas no teu tempo, e não no estipulado por alguém, que logo vai dizer que está sem tempo  para ti. Ouvir o que tu quiseres, frequentar os lugares que te der na telha. Só abra mão de algo por alguém que te dê valor e te respeite, que te aceite como és realmente. Entendas que viver só de ilusões amorosas é atraso de vida, que aliás é uma só.
   Sugiro que faças uma experiência com tudo isso que citei no parágrafo acima. Além de fazer um bem enorme, vai te preparar muito melhor para futuros relacionamentos. Te mostrará que tu não precisas te abandonar por ninguém, nem mesmo pelo amor da tua vida. Porque afinal, o amor real nos liberta para sermos nós mesmos, e não o parceiro (a).

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