quinta-feira, 14 de abril de 2011

Quer Dinheiro? Vá Trabalhar!

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17:55
   Pensei muito se valeria a pena colocar esse meu ponto de vista aqui. Não que eu sofra do "complexo de cagonilda", com medo das opiniões grosseiras que muitas pessoas têm. Claro, estou totalmente aberta a argumentos contrários aos meus, diferentes. Aceito-os, porém isso dificilmente fará com que modifique o meu pensar a respeito do que for. Tendo esclarecido esse ponto, narrarei aqui algo que me aconteceu essa semana e que definitivamente firmou minha opinião a respeito de esmolas.
   Numa noite, indo para casa, estou no ônibus quando entra um sujeito portador de necessidades especiais. Não enxerga. Circula por todos os veículos de transporte público que passam por Porto Alegre, pedindo dinheiro. Vejo todos os passageiros pegando carteiras e niqueleiras, e percebo ser uma das únicas ali que não mexe um dedo para dar o que seja a esse homem. Estou totalmente alheia ao discurso que este faz, no qual não pede, mas sim exige dinheiro, pelo fato de ser cego. Uma dupla de amigas fica preocupada, as meninas acham que não estão ajudando o senhor só com o que tinham juntado. Escuto sua conversa:
   " - Fulaninha, tem certeza que não tem mais nenhuma moeda sobrando?
   - Já raspei o fundo da carteira, só tem isso mesmo...
   - Ah, coitadinho... ele é cego, não pode trabalhar. Queria poder ajudar mais... "
   Solto um muxoxo de desdém, tentando mascarar minha irritação com a cena que presencio. Uma senhora me encara com a mais pura indignação. Dou às costas e volto a refletir sobre o que estou vendo.
   Digo aqui, sem a menor preocupação com o que poderão pensar os defensores do assunto em questão: NÃO dou esmola. Pelo menos não em dinheiro. E dificilmente alguém me verá fazendo isso. Tranquilamente posso afirmar que, no caso narrado acima, tinha pelo menos uma excelente razão para defender minha teoria. Explicarei agora.
   Sou um ser humano passível de erros como qualquer outro. Portanto, para os que me tomarem por errada, peço minhas sinceras desculpas. Não pensamos da mesma maneira. Eu acredito na igualdade, seja qual for a nossa condição física. Trabalho no centro de Porto Alegre, e todos os dias vejo pessoas com diversas complicações. Indivíduos em situação muito pior do que a vivida pelo sujeito do ônibus. Que, diga-se de passagem, está sempre bem arrumado, é estúpido e grosseiro com todos. Sempre exigindo mais dinheiro, pois ele é cego e não pode trabalhar. Não sei o que o impede além da sua falta de vontade. E sinceramente, estou tão cansada de ouvir essa ladainha... Desde 2008 sempre o mesmo discurso. E quando o homem desce da condução, vai para o primeiro bar que encontra para beber e fumar. Nisso não o culpo, jamais disse que era com o intuito de se alimentar que pedia esmolas. Porém irrito-me mais com as pessoas que dão, do que com o sujeito. Conheço pessoas deficientes visuais, que se viram incrivelmente bem, trabalham e são felizes. Por que com este tem de ser diferente? Por que não ir à luta? E não venha me alegar pena, quando vejo crianças com menos de cinco anos vendendo bugigangas sob a supervisão severa dos pais. Isso sim é digno de piedade.
   Graças a Deus meu corpo é perfeito, sem nenhuma deficiência. Por isso posso dizer que não sei como é ser cego, surdo, paraplégico, enfim. Mas sei que viver da piedade dos outros não é vida, ainda mais quando se é um ser amargurado por ser deficiente. A ponto de pedir esmolas para sustentar seu vício. E sustento fortemente que, ao dar cinco centavos que seja a alguém em perfeitas condições de trabalhar, estás afirmando teu preconceito em relação ao seu eventual estado. Ser portador de necessidades especiais não significa ser doente, tampouco que se necessite extorquir os outros. Para os que defendem que escrevi algo ofensivo, deixo um conselho: Caridade praticamos em casas de assistência social aos necessitados.

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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Queria...

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17:02
   uma metralhadora. Que me desculpem os que ainda estão abalados com a tragédia no Rio de Janeiro, mas é o que penso no momento. Não sofro de bullying, não possuo histórico depressivo nem nada do gênero. Só estou cansada de ouvir barbaridades na rua.
   Vejam bem como são as coisas: sou a pessoa menos feminina que conheço na hora de se vestir (e isso jamais afetou minha personalidade feminina, diga-se de passagem). Nada de brincos, maquiagem, sapatinhos fofos... claro, é algo que posso vir a fazer, inclusive já o fiz. Não ando esculhambada também, só afirmo com convicção que jamais poderão me comparar às Barbies que se vêem por aí. Mas vamos à causa do problema que origina esse post.
   Hoje estou vestindo camisa masculina, nada das roupas apertadinhas que detesto. Até aí tudo certo. Então, ao sair da lotérica rumo ao meu local de trabalho, tcharãn! Um SENHOR me diz uma verdadeira gama das suas mais famosas frases de efeito. Digo isto com todo o sarcasmo que consigo reunir, visto que o efeito imaginado na minha mente era o de um tiro de fuzil no encantador homem. São coisas tão nojentas, tão sujas... nem me atrevo a reproduzir aqui alguns dos trechos mais cativantes. Ponho no rosto meu olhar mais terrível, porém de que adianta, se logo em seguida passa um bando de babacas numa van que conseguem ser piores que o vovô tarado? Paciência há muito esgotada, passa um gordinho rindo da minha cara e comenta: "Dá pro gasto mesmo". Até um porrete nessas horas ajudava.
   Devo estar parecendo uma pessoa violenta, não é mesmo? Pois não sou, por incrível pareça. Agora, vai passar anos tendo que ouvir ladainhas de sujeitos boçais. A Paciência uma hora vai pro buraco, desaparece. Nem sempre, nós mulheres conseguiremos levar na esportiva, numa boa. Tem uma hora que simplesmente não dá mais. Muito principalmente se estivermos na TPM. O que aliás, é o meu caso.

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